domingo, 10 de agosto de 2008

Apóstolo I


Ao Sr. José Alcides Pinto



Por José Leite Netto*




cai a tarde com um anjo de verso e usual

com rodas de fogo e veloz nos levou

a face, a taça, o vinho e a pena de metal.

o velho está morto! jaz apolíneo e morto



na paranóia do espetáculo o manuscrito

da urgência - o alfabeto do dia-a-dia.

esmaga o crânio de Lúcifer – maldito

& sorri no plenilúnio dos seios das ninfas.



equinócio das vacas, sussurros das coisas,

no tecer da rendeira a violência te calou.

como quem descreve no asfalto doidas


histórias (mortos), dragões X e tuas mágoas

nosso relicário-dor de órbitas e cotidiano

velhas parábolas e prantos em teu manto.




II





veio a noite . e o mar daqui se estica numa rede
a morte sabe o mundo & minha voz silencia
vertical e veloz , Deus é um Drácula eu Oceania.
“ manifesto traído” alegro triste imagem salgada.

encontrei Baudelaire, uma escada, uma rosa
Cristo menino correndo nu jogando bola
às vezes o incomodo com um terço na hora
do cântico e o mundo é visto feito a claque

vai desmaiando, mas há vida nos olhos de Maíra
e o som de Holiday se conflui numa rosa
do meu jardim suspenso, escuto-te numa citara.

caí a chuva e tudo recomeço, escrevo nuvens
amanhece, rejuvenesço o tempo partido
corre feito água ao contrário de um deus Anúbis.



III




espartano ou desejo meu universo de sapo

carrego na bagagem vertigens e caminho

aéreo pássaro sou noite em teu ninho

carcará de orgia, meu bangalô de safira


na saga da ladainha rezam as rendeiras

como chora o boi no basto, chora o menino

tecendo no peito o manhã do seu mimo

enquanto sou desespero, noites e papiro


vida e treva a noite quase doida livro aberto

feito som de pífano e pássaro cantando

voar e vou rindo perdendo memória & ando


com flores que tocam o infinito dos meus pés

no azul imenso sou rio para são Jorge com fé

almejo um tiro de pedra, cálice e luz que nos é.





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