Apóstolo I
Ao Sr. José Alcides Pinto
Por José Leite Netto*
cai a tarde com um anjo de verso e usual
com rodas de fogo e veloz nos levou
a face, a taça, o vinho e a pena de metal.
o velho está morto! jaz apolíneo e morto
na paranóia do espetáculo o manuscrito
da urgência - o alfabeto do dia-a-dia.
esmaga o crânio de Lúcifer – maldito
& sorri no plenilúnio dos seios das ninfas.
equinócio das vacas, sussurros das coisas,
no tecer da rendeira a violência te calou.
como quem descreve no asfalto doidas
histórias (mortos), dragões X e tuas mágoas
nosso relicário-dor de órbitas e cotidiano
velhas parábolas e prantos em teu manto.
II
veio a noite . e o mar daqui se estica numa rede
a morte sabe o mundo & minha voz silencia
vertical e veloz , Deus é um Drácula eu Oceania.
“ manifesto traído” alegro triste imagem salgada.
encontrei Baudelaire, uma escada, uma rosa
Cristo menino correndo nu jogando bola
às vezes o incomodo com um terço na hora
do cântico e o mundo é visto feito a claque
vai desmaiando, mas há vida nos olhos de Maíra
e o som de Holiday se conflui numa rosa
do meu jardim suspenso, escuto-te numa citara.
caí a chuva e tudo recomeço, escrevo nuvens
amanhece, rejuvenesço o tempo partido
corre feito água ao contrário de um deus Anúbis.
III
espartano ou desejo meu universo de sapo
carrego na bagagem vertigens e caminho
aéreo pássaro sou noite em teu ninho
carcará de orgia, meu bangalô de safira
na saga da ladainha rezam as rendeiras
como chora o boi no basto, chora o menino
tecendo no peito o manhã do seu mimo
enquanto sou desespero, noites e papiro
vida e treva a noite quase doida livro aberto
feito som de pífano e pássaro cantando
voar e vou rindo perdendo memória & ando
com flores que tocam o infinito dos meus pés
no azul imenso sou rio para são Jorge com fé
almejo um tiro de pedra, cálice e luz que nos é.
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